Por que se usa "@" (at sign ou at symbol) em endereços eletrônicos?
Criado para ser uma unidade de medida, o arroba
virou símbolo dos tempos modernos, ganhou status de design e passou a
fazer parte do acervo do Museu de Arte Moderna de Nova York.

Ele nasceu assim...
Quando o latim ainda era língua
corrente, a contração da preposição ad (que tem o sentido de lugar e
movimento) se parecia com o @. Mas o arroba, tal como o conhecemos hoje,
nasceu no século 16, em Florença. Na época, o marchante Francesco Lapi o
usou para simbolizar uma unidade de medida. Ela era baseada na ânfora
(um vaso de terracota) usada nos mercados italianos para medir grãos e
outros bens de consumo. Com o tempo, foi caindo em desuso e, hoje, o
símbolo ainda tem o nome de uma unidade de medida somente em português e espanhol.
Na era moderna, o arroba virou
propriedade dos contadores. Por isso, o sinal entrou para o teclado
básico das máquinas de escrever em 1885. Mas foi apenas no fim do
século 20 que ele virou o ícone da era digital. O arroba estava quase
morto até o engenheiro elétrico norte-americano Ray Tomlinson inventar o
e-mail, em 1971. Ele escolheu o símbolo para ser a liga dos endereços
de e-mail.
As razões? Primeiro por ser um
ícone que já existia nos teclados e não tinha nenhuma função para a
maioria da população. Segundo, porque os norte-americanos chamam o sinal de "at", abreviação da expressão at the rate of (à medida que). At tem a função de lugar: onde, está. Traduzindo um endereço de e-mail, a escolha fica óbvia. O usuário fulano de tal está no provedor X: fulanodetal@provedorX.
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O que é? O que é? É redondinho e perfeitinho. Você
o usa várias vezes ao dia, mas não dá a mínima atenção para a sua
existência. Tem o mesmo significado no mundo inteiro. Só começou a ser
usado intensamente há pouco mais de 10 anos. E, recentemente, virou peça
de museu? Acertou quem respondeu o arroba. É isso mesmo, o símbolo @.
Depois de mais de décadas escondido nos endereços dos nossos e-mails,
foi apenas em 2010 que o arroba virou tendência. Para isso, bastou a
curadora do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), Paola Antonelli,
decretar.
Tudo começou quando Antonelli se reuniu com os 25
membros do comitê do Departamento de Arquitetura e Design do MoMa, o
qual preside. Eles avaliaram a importância do arroba para o design e
decidiram acrescentar o ícone às 175 mil peças do acervo do museu, sem
nenhum custo para a instituição. Afinal, o arroba não tem dono e não
tinha de quem comprar. A justificativa da escolha é simples: é o marco
da geração da tecnologia do século 21.
– É um design de extraordinária elegância e
economia – justificou Paola no blog do museu. Isso foi o suficiente para
criar o mito em torno do símbolo internacionalmente conhecido.
A mística em volta do arroba não é recente. As
mais diversas áreas já o estudaram. Em cada uma delas, o símbolo tinha
significados diferentes. O pessoal da tecnologia foi quem elevou o
status do arroba, ao usá-lo para constituir o primeiro endereço de
e-mail. Já os linguistas acham fascinante a sua transformação em símbolo
universal. Independentemente da língua que se fala, ele tem pelo menos
uma função: identificar o provedor do seu e-mail. Mas após esse
renascimento do sinal, os designers se apropriaram dele como um ícone
graficamente elegante, simples e funcional.
A decisão de Paola de acrescentar o arroba ao
acervo do MoMA despertou uma interessante discussão sobre o que pode ser
design. Em texto divulgado no blog oficial do museu, a curadora defende
que, assim como a arte contemporânea e a arquitetura, o design também
pode ter manifestações inesperadas.
– A aquisição do @ vai um passo à frente. Eu
acredito que não é mais necessário ter a possessão física de objetos
para adquiri-los – diz.
Para tomar tal decisão, ela e o comitê avaliaram a
forma, o significado, a função, a inovação, os aspectos culturais, o
processo e a necessidade do produto. O arroba pode até não ter sido
desenvolvido com a intenção de ser um símbolo de design, mas ele é tão
funcional que acabou sendo adotado pelos profissionais da área. As
razões são as mais diversas. Primeiro, ele ressurgiu para resolver um
problema: simplificar uma complicada linguagem de programação de e-mail.
Segundo, ele já era um ícone existente no alfabeto. Por isso, foi
adicionado aos teclados e reutilizado sem custos para os fabricantes de
máquinas de escrever e, mais tarde, computadores. E, finalmente, ele
continuou a ter a função original de estabelecer conexões.
Em cada língua, um nome
Nas mais diversas línguas, o @ tem significados diferentes.
Confira os mais interessantes:
- Alemão: rabo de macaco.
- Chinês: pequeno rato.
- Italiano e francês: caracol.
- Filandês: gato dormindo.
- Russo: cachorro.
- Espanhol e português: unidade de medida.
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Olívia Meireles/Correio Brasilienese - in www.zerohora.com
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